“Raquel,
Nenhuma palavra poderá
tirar-lhe o sofrimento pelo qual passou hoje. Sou culpado... Mas ainda assim
não tenho culpa. Somos seres humanos, imperfeitos. Sei que quero conhecê-la e
amá-la como merece... Mas algo ainda me impede de tentar. Quero entender
porque, por que depois de tanto procurar ao achar aquela que cessaria minha
busca eu simplesmente não consigo agir?...
Eu sou teu. Serei teu. Estarei
contigo, porque te achei. Mas nosso amor precisa amadurecer no silêncio e na
espera para poder florescer. Tu, linda rosa, sabes disso...
POEMA PARA A LINDA ROSA
Entre muitas e entre
tantas,
Uma pessoa qualquer a
confundiria,
E por comum te tomaria:
‘Não é nada mais que uma
simples rosa.
Há milhões...’
Mas milhões de anos luz
Não seriam suficientes
para que me confundisse!...
Meu amor persiste...
Em algum ponto do
universo,
onde o tempo dedica-se à
rosa,
Ela me espera...
Um amor que na distância
se supera!
Supõe milhões de
desculpas
Mas propõe o consumar-se
em escrituras!
Todos os poemas a ti, ó
rosa!
Tu que és bela como
nenhuma outra,
Concede a quem te
observa em silêncio o perdão:
És para mim a única em
meu mundo...
Destaca-te do profano
Em um amarelo profundo,
Como o raiar do dia
expurgando a escuridão...
Beijos,
do Frederico”
Beijos,
do Frederico”
Dentro do carro,
esperava ansioso pela confirmação do garçom. Ficou surpreso ao receber de seu
mensageiro um guardanapo com alguns escritos.
Leu. Releu. Respirou
profundamente. Não sabia mais dizer por que não tinha ido. Tudo era muito
conhecido, mas ao mesmo tempo novo para ele. Queria estar com ela, amava-a mais
do que tudo... Era sincero em seus poemas. Mas algo ainda o prendia. Por que
não ia lá e acabava de vez com aquela espera? Com aquele silêncio, apenas
quebrado pelos escritos a próprio punho no papel?...
Não soube responder.
Ligou o carro e seguiu
de volta ao trabalho. Do rádio emprestou a voz de Rosa... Samuel. Talvez um
parente de Noel. Deixou-se levar pela canção. Profunda e tão apropriada... Mas
alegre. Não era dia de tristeza.
“Virá com ela que
entrega
Virá, sim, assim virá
que eu vi
Virá ou ela me espera
Virá, pois ela está ali”
http://www.youtube.com/watch?v=zxlT50vV_eQ
ResponderExcluirELE:
ResponderExcluirPensou nela a tarde inteira. Sabia que o chamado era verdade e que não podia, mais uma vez, deixá-la esperar. Embora essa paixão epistolar, nunca antes vivida, o entusiasmasse, queria mais. Queria suas pausas, queria se expôr.
Não tinha pressa, nunca teve, mas não lhe parecia justo entrar assim, sem pedir licença, e manter-se longe, oculto. Num mundo de enganos e disfarces, precisava deixar claro quem era e a que veio. Desejava um dia novo, sem nuvens, solar. Ela merece isso. Resolveu que não haveria ninguém entre eles, nem garçom, nem personagem. Decidiu, sem consultá-la, que a história mudaria: ela não seria escrita, seria vivida.
Escreveu mais um poema. Guardou-o. Tudo agora será dito pessoalmente.
Gripado, respirou com dificuldade. Viu algo na internet e foi dormir.
http://www.youtube.com/watch?v=xWSAv6L0Tl8