Utilizando...

Utilidade:
s.f. Qualidade de útil.
Objeto útil; emprego, uso, serventia.
Útil: adj. Que tem uso, préstimo ou serventia; que satisfaz uma necessidade. Que traz vantagem, proveito ou benefício;

Todos os textos aqui postados me foram úteis em alguma fase da vida. E têm uma utilidade atemporal, perpétua. Longe de pedir por aprovação ou pretenderem marcar o leitor em algum momento, estes textos desejam e objetivam a utilidade. Não pedem reconhecimento ou aplausos, amor ou ódio; A utilidade é livre para o pretexto, o texto que quiser. Querem, porém, seu respeito. Podem não ser de todo belos, éticos, saudáveis, proféticos. Mas pedem que, se utilizados, tenham sua autoria reconhecida, como um preço justo e nada caro. Leia, releia, use, utilize. Mas dê a eles o sobrenome, pois todos tem mãe.
Assim, faça deles o uso (ou a utilidade) que quiser.

Raquel Capucci


domingo, 22 de abril de 2012

"Féstifudi"


O céu límpido coberto de estrelas é um prenúncio de que a seca estende seus braços áridos sobre Brasília. A umidade aos poucos vai diminuindo, e lá está aquele céu de Galileu sorrindo para nós, com Escorpião, Cruzeiro do Sul, Três Marias (para os íntimos) e aquela estrelona que não é estrela ao lado da Lua Crescente se pondo ao Oeste no fim de tarde.

Lindo espetáculo, não é mesmo? Céu de Brasília, traço do arquiteto... E os traços do veneno daquela pastilha do aparelho elétrico no ar, ligado na tomada em vão a noite toda. Eis uma parte do lado B da seca, amigos e amigas: aquele zunido frenético e impertinente de uma espécie tão, mas tão sem utilidade (minha opinião, não a dos sapos, lagartixas e aranhas), que não dá pra entender ao certo de onde alguém tirou a ideia de criá-los.

O quarto de dormir mais parece um aeroporto, e os mosquitos se proliferam à medida que as estrelas começam a aparecer mais nítidas. Não há como não pensar, mesmo para pessoas ecologicamente corretas como eu, que não seria nada mau que aquela espécie chatinha entrasse em extinção, ou pelo menos diminuísse um pouquinho sua população atual. Não sei por que, mas é possível que outras espécies também pensassem isso a respeito da nossa, se pudessem:

- Povo mais esquisito! Sem pelos no corpo e cheios de pelos na cabeça. Não tem garras, nem presas. Comem o que der na telha (até uma coisa que eles próprios não sabem definir direito o que é, a tal da “féstifudi”), dormem em tábuas duras cobertas com uma espuma às vezes mais dura ainda... Usam umas coisas esquisitas, pontudas e retorcidas para comer. Abrem a barriga de suas fêmeas por escolha própria para seus filhotes nascerem... Sabem que vão morrer, talvez por isso não se importem com a forma como nascem. E têm essa mania de querer limpar tudo o que chamam de “casa”, mas enchem de lixo o lugar onde todos nós do planeta vivemos!

Um marco antropológico interessante, de fato. Mas, não mudemos de assunto. Continuemos no que falávamos sobre o lixo. Ou melhor, sobre estarmos gerando aquilo que recebemos. Mais mosquitos? Menos predadores naturais, afastados das cidades pelo progresso que tanto prezamos. Mais baratas e ratos? A resposta também é óbvia. Tememos os vírus que destroem tudo o que pensam ser sua casa, mas não vemos que trilhamos um mesmo caminho.

E a solução para os mosquitos no quarto de dormir? Talvez dar um pouco mais de importância ao que é importante, e proteger da suposta ameaça aquilo que é mais precioso. Talvez lutar pela preservação dos sapos, lagartixas e aranhas. Talvez nos darmos conta de que geramos tudo que recebemos. Mas não sei ao certo se conseguiremos tirar conclusões acertadas sobre o que acontece ao nosso redor, enquanto ainda não soubermos definir exatamente o que comemos. Questão de indefinição... Coisas de Galileu e de Brasília.

Um comentário:

  1. Hei, Capucci, parabéns pelo blog e pelas ideias escritas.
    Votos de muito sucesso!

    ResponderExcluir