Devo esquecer...
Não porque queira,
Não apenas para rever
um sentimento que vive à beira
de um ataque de nervos...
Coisas que não sei
somente por não ter vivido,
Mas que pulsam para fora dos sentidos
rumo a cantos desconhecidos
de onde o amor ainda é rei...
Ainda assim, devo esquecer,
não porque não me lembre mais,
mas porque não sou capaz,
neste momento, de sobreviver
à morte precoce por desilusão...
Invento momentos que não vivi,
dores que não senti,
sentimentos que não conheço,
pois só assim, esqueço...
Esqueço que ainda sou mulher,
que ainda posso viver momentos
sem lamentos e tormentos,
todos esses grandes inventos
reprimidos no coração...
Tendo o mundo numa colher
para colher e recolher sonhos que me escapam,
avançam, ultrapassam
minha por vezes ingênua compreensão...
Perdão...
Não pretendia me sentir assim.
Tanto começo e tanto fim
fizeram-me pensar mais em mim,
ou menos...
Nos mesmos termos,
Juro que não pretendo
preservar uma fantasia sem pé nem cabeça,
mesmo que com coração, mente e sonho...
E, ainda que eu esqueça,
o que poderia ser mais medonho
Que esse desejo de ter algo
que eu nem sei o que é?...
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