O que pode ser o poema
Senão a indelével
súplica
para rasgar-se em
(ar)dor
ante a margem estúpida
do pensamento?
Aberta em trovas e
trovões,
em sótãos e porões
- nesse tormento -
caminho segura, fértil,
efígie do que não se
pode conhecer...
Esfinge serena,
Devora-me como o passar
das horas,
Sacra e santa.
Falha e profana
Como o sacro ofício de
escrever...
Quero ouvir e quero
ver,
ser mais do que só
uma!
Abrir-me para o que
espero,
Sem importar se
transbordo ou desespero...
É o que quero!
Nem dez mil pausas
entre palavras
Hão de me negar...
Pois pautar-se não é se destruir,
Restringir-se a uma só
pessoa?
Eu quero um só,
Uma só,
Mas quero dois...
Sem deixar pra
depois...
Indomável e demente
sem mentir,
Ser a primeira e ser a
última
Entre o gozo e a
tormenta...
Ah!
Alimenta, desvela,
desnuda...
Mas suporta, acalenta e
navega...
Segue teu norte!
Tua presa,
Tua pressa,
Teu avesso...
Recomeço...
Esqueço...
Esquece...
É só a(r)dor
indelével
Rasgando a súplica
- Estúpida -
à margem do
pensamento...
Poema.
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