Utilizando...

Utilidade:
s.f. Qualidade de útil.
Objeto útil; emprego, uso, serventia.
Útil: adj. Que tem uso, préstimo ou serventia; que satisfaz uma necessidade. Que traz vantagem, proveito ou benefício;

Todos os textos aqui postados me foram úteis em alguma fase da vida. E têm uma utilidade atemporal, perpétua. Longe de pedir por aprovação ou pretenderem marcar o leitor em algum momento, estes textos desejam e objetivam a utilidade. Não pedem reconhecimento ou aplausos, amor ou ódio; A utilidade é livre para o pretexto, o texto que quiser. Querem, porém, seu respeito. Podem não ser de todo belos, éticos, saudáveis, proféticos. Mas pedem que, se utilizados, tenham sua autoria reconhecida, como um preço justo e nada caro. Leia, releia, use, utilize. Mas dê a eles o sobrenome, pois todos tem mãe.
Assim, faça deles o uso (ou a utilidade) que quiser.

Raquel Capucci


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Sopro

Meu sopro é vão
Quando insufla teus desejos incertos
E agita as poucas penas inertes
Nas promessas de teu passaredo...

Meu sopro é são
Quando ultrapassa as lacunas de tuas paredes
E contorna em curva aberta
O entorno falso de teu enredo...

Meu sopro cria espaços,
Escorre por entre passos,
E discorre em salvas quando és apenas súplica.

Meu sopro é ar onde não podes voar...

É lança que alimenta labaredas
De uma chama que tua alma jamais irá queimar...

Do meu sopro nascem estrelas,
Terra e horizonte...

Ilhas flutuantes de pensamento
Nas quais o teu tormento é ínfimo milagre
De mais de mil gestos alheios...

Meu sopro não se julga em justo
Não se conta em cento,
Não se ouve em som...

Não perpassa teu sentimento
Como lâmina afiada, por um fio.

Não se farta, não se fere,
nem finda...
Mesmo que tentes tocar-lhe em Sol...

E só.

Sabes que não podes verter-lhe
Em versos que são seus...

Pois meu sopro não se curva
Ao que não é chuva
Capaz de virar tempestade...

Pois meu sopro não se solta
Ao que não é brisa
Capaz de virar furacão...

Meu sopro não se consome
Nem se alinha
Nem se perde...

Por pássaro que não é asa,
Por rio que não é água,
Por folha que não é seiva,
Por rocha que não é cume...

Pois saibas, de teu sabiá:
meu sopro não cabe em gaiolas!

Não mente, mas sente...
Não sabe, mas sonha!

Meu sopro não vai se prender
Em pulmão parado em respiração suspensa
Por quem não sabe ventilar...

Meu sopro segue
E solta-se no universo...
Ultrapassa galáxias,
Hemácias,
Audácias...

E só sossega em silêncio
Por quem é capaz de escutar.





sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Same Sea

I can't be unfaithful to whom I once was...
Can't be unfair to whom I will become.

The sea looks further away...
Can't hear the same old wave sounds.
Can you?
Here...
Me.
Throwing myself to the same old fears.
Same old lost souls...

Time will not be near
when I finally give up reaching for it.
Things will pass
like waves...
The same old wave sounds
I won't be able to hear...

And who will search for me
when water starts to flow
drowning feelings that were untrue?

You'll only be far
from here.
But now
know...
You'll never learn
unless you hear...

And who will reach for my hands
When waves break on the sand banks
shattering dreams that did not come true?

Will someone find me
- eyes shut -
searching in the dark?

But the elder once said:

Time will come.
Not now...
Not until you can know how.
Wait 'til the sun goes down
and night takes men's last awakening breath.
Then you can rise...
By raising your own sun.
And then morning will turn
hatred
into love...



quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Esfinge

O que pode ser o poema
Senão a indelével súplica
para rasgar-se em (ar)dor
ante a margem estúpida do pensamento?

Aberta em trovas e trovões,
em sótãos e porões
- nesse tormento -
caminho segura, fértil,
efígie do que não se pode conhecer...

Esfinge serena,
Devora-me como o passar das horas,
Sacra e santa.
Falha e profana
Como o sacro ofício de escrever...

Quero ouvir e quero ver,
ser mais do que só uma!
Abrir-me para o que espero,
Sem importar se transbordo ou desespero...
É o que quero!

Nem dez mil pausas entre palavras
Hão de me negar...

Pois pautar-se não é se destruir,
Restringir-se a uma só pessoa?
Eu quero um só,
Uma só,
Mas quero dois...

Sem deixar pra depois...

Indomável e demente sem mentir,
Ser a primeira e ser a última
Entre o gozo e a tormenta...
Ah!
Alimenta, desvela, desnuda...
Mas suporta, acalenta e navega...

Segue teu norte!

Tua presa,
Tua pressa,
Teu avesso...

Recomeço...
Esqueço...

Esquece...

É só a(r)dor indelével
Rasgando a súplica
- Estúpida -
à margem do pensamento...

Poema.