Utilizando...

Utilidade:
s.f. Qualidade de útil.
Objeto útil; emprego, uso, serventia.
Útil: adj. Que tem uso, préstimo ou serventia; que satisfaz uma necessidade. Que traz vantagem, proveito ou benefício;

Todos os textos aqui postados me foram úteis em alguma fase da vida. E têm uma utilidade atemporal, perpétua. Longe de pedir por aprovação ou pretenderem marcar o leitor em algum momento, estes textos desejam e objetivam a utilidade. Não pedem reconhecimento ou aplausos, amor ou ódio; A utilidade é livre para o pretexto, o texto que quiser. Querem, porém, seu respeito. Podem não ser de todo belos, éticos, saudáveis, proféticos. Mas pedem que, se utilizados, tenham sua autoria reconhecida, como um preço justo e nada caro. Leia, releia, use, utilize. Mas dê a eles o sobrenome, pois todos tem mãe.
Assim, faça deles o uso (ou a utilidade) que quiser.

Raquel Capucci


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

MONÓLOGO I

Já me acostumei
A ser uma, somente,
E ao mesmo tempo tantas...
Mudar com o contexto.
Servir a tantos sem nenhum pretexto!
Encerrar-me como semente
Plantada no rastro do vivido...
Zunir ao pé do ouvido –
Direito - e direto naquela direção,
Como a lança que corta o som
E acerta o alvo abrindo-se em pedaços!
Lanço-me sem medo.
Já me acostumei...
A ocupar mínimos espaços,
Propagar-me nas entrelinhas.
Alinhavo a memória como ninguém!
Sou flecha e sou fogo corando a face
Quando já não há mais nada a saber.
Muito a viver em milhões de sonhos,
Mesmo os estranhos e medonhos,
Aqueles que evitamos tocar...
Entorno o cálice do não dito!
Num momento benévolo ou maldito
Quando o som cala-se ante ao vibrar!
Sou flecha e sou fogo corando a face...
Sonho ardendo em brasa,
Rápido como raio
Ao raiar do dia!
Se me pedir, não saio.
Peço perdão
Quando não há mais nada a dizer...
Viver para mim não é fácil.
Sou indócil, insolente.
Entorno o cálice do não visto!
Do não quisto...
Daquilo que me faz dormente.
Não preciso provar nada!
Nem que a dor seu corpo invada
Quando minha voz ouvir!
Sou flecha e sou fogo
Ardendo em brasa...
Sonho corando a face!
Duas pontas em enlace.
Tudo que está ao alcance
De um gesto.
Sou o avesso do inverso,
Uma e tantas...
Almejada, mas não amada.
Visada, mas não amada.
Por vezes desalmada.
Assim sou...
Já me acostumei.
Meu nome?
...
Meu nome é VERDADE.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

O Mar


Após o sopro, o susto, o impulso,
A palavra:
Paciência!...
Amores se escrevem por linhas tortas,
Em labirintos com portas,
Em noites sonhadas de verão... 

Viverão aqueles que souberem esperar,
Aspirar, inspirar
Num ritmo que seja próprio,
Que seja único... 

Unidos sem prazo,
Sem pressa ou atraso,
Pois o que não foi dito, dito está:
O passo para o infinito
Não está escrito
Nem proscrito nas linhas do tempo... 

Transparente como o vento
É a vontade de transgredir...
Você em sua tropa,
Eu em minha trupe,
Tropeçando por entre incertezas,
Riquezas do primeiro encontro! 

Ah, o encontro...
Dele se fizeram contos
Encantados e desatentos,
Naquela fração de segundo,
Sagrado, profano e profundo,
Desfazendo-se num piscar... 

De olhos fez-se olhares,
De palavras fez-se milhares,
 Em sim e em não... 

Fazer o mundo a partir de um grão
É saber que lá está o potencial
De toda uma vida:
Pra que, então, apressar?
Se é de gotas
Que se faz o mar... 

Brasília, 11 de setembro de 2012.