Utilizando...

Utilidade:
s.f. Qualidade de útil.
Objeto útil; emprego, uso, serventia.
Útil: adj. Que tem uso, préstimo ou serventia; que satisfaz uma necessidade. Que traz vantagem, proveito ou benefício;

Todos os textos aqui postados me foram úteis em alguma fase da vida. E têm uma utilidade atemporal, perpétua. Longe de pedir por aprovação ou pretenderem marcar o leitor em algum momento, estes textos desejam e objetivam a utilidade. Não pedem reconhecimento ou aplausos, amor ou ódio; A utilidade é livre para o pretexto, o texto que quiser. Querem, porém, seu respeito. Podem não ser de todo belos, éticos, saudáveis, proféticos. Mas pedem que, se utilizados, tenham sua autoria reconhecida, como um preço justo e nada caro. Leia, releia, use, utilize. Mas dê a eles o sobrenome, pois todos tem mãe.
Assim, faça deles o uso (ou a utilidade) que quiser.

Raquel Capucci


sexta-feira, 23 de março de 2012

O Tempo e a Distância


A maioria dos leitores – e, por que não dizer todos os leitores – em algum momento da vida já ouviu, talvez de uma pessoa mais velha: “O Tempo cura tudo.” Acreditando nessa propriedade ora curativa, ora dizimadora do Tempo, vários artistas lhe dedicaram odes, como a bela música de Caetano Veloso sobre esse ancião respeitável e ameaçador, que carrega consigo a grande foice transformadora de fracassos ou sucessos, amores e desamores. Se o Tempo é um dos deuses mais lindos, é aquela figura mítica nem boa nem má, agindo de acordo com os próprios princípios. Dessa forma, seria melhor dizer não que o Tempo cura tudo, mas sim que mantém a roda da vida e do destino rodando em um ciclo eterno.

Todos os leitores – agora sim me aventuro a incluir todos – já passaram pela situação de dar “um tempo” no relacionamento, este tempo com letra minúscula e período indefinido. Mal sabem os amantes (ou “desamantes”) desavisados, mas o que estão dando não é “um tempo” e sim, “uma distância”. O tempo, de acordo com a sabedoria citada no início deste texto, cura, limpa, transforma. Não é ele que separa duas pessoas, para que cada uma possa pensar em seus propósitos e impressões. Quem pode realmente desfazer laços é ela, que não é vilã nem benfeitora por si só, mas que tem esse poder intrínseco de resolver impasses simplesmente impondo sua natureza: a Distância...

O tempo recria, reconstrói, refaz sonhos e esperanças... Quando bem utilizado, sim. E é possível duas pessoas fazerem uso de seus efeitos benéficos sem necessariamente estar separadas. É aquela pausa na turbulência, ficar no olho do furacão, a observação do voo longe, longe lá em cima, pensar consigo somente e com os próprios botões. E não é preciso da distância (física) para isso.

Bem sabemos alguns de nós (todos?) que é possível criar um abismo entre duas pessoas, e ainda morar na mesma casa. Pode-se passar o tempo que quiser com essa pessoa... Ainda assim, a distância não permitirá que o efeito curador do tempo recicle o que está obsoleto e recrie estruturas que não servem mais.

E, alguns de nós (aqui não cabe o “todos”) vivem a experiência de a distância precisar de navios, aviões, carros e alguma caminhada e, ainda assim, nosso algo querido e amado permanece ileso. Ou ainda, o tempo só contribui para que ele se fortaleça. A distância física, em si, não quer dizer muita coisa para os que ignoram sua incidência. O tempo é um aliado daqueles que estão perto, até mesmo sem se tocar. E a distância é a inimiga dos que se tocam, convivem, mas não chegam perto a um milímetro sequer.

O Tempo e a Distância são consortes, amantes, confidentes. Mas depende da forma como os encaramos para que seus efeitos permaneçam, revigorem, aumentem a energia benéfica que paira em nossas relações ou, ao contrário, dilacere e amargue tudo que antes fora doce. E, talvez o Amor, em todas as formas e sabores, seja a liga que prende Tempo e Distância unidos... Pelo infinito de espaço e tempo.




Nenhum comentário:

Postar um comentário