Eu
queria
Não
querer tanto...
Passar
do branco ao preto
Sem
esbarrar no cinzento,
Pular
para o riso logo após o pranto...
Eu
queria
Poder
encantar-me do desencanto,
Fazer
do tecido a tez da tessitura,
Poder
valer-me do que antes já valia,
Jogar-me
sem medir a altura,
Abrir-me
para além da abertura...
(Quem
sabe? Um dia...)
Eu
queria
Alçar
voos além do próprio céu,
Desnudar-me
da nudez coberta em véu,
Jorrar
de mim o fluido da aurora!
Fertilizar
a terra, amar sem reserva
E
nunca precisar ir embora!
-
Aquilo que dentro das mãos se conserva
Não
se desvela do passar do tempo...
Imundo,
abatido, moribundo...
Eis
enfim a sede de mundo!
Que
seca a garganta
E
resseca o peito
Quando
a pele se espanta
E
o toque não mais é perfeito...
Ah,
como eu queria poder tocar
Milhões
e milhões de vezes
Aquilo
que toca certeiro o teu coração!
Refém
da própria condição,
Referencio
minha súplica:
Faço
da dor manifestação pública
Para
chegar-lhe aos ouvidos como canção...
Ah,
como eu queria!
(Não
querer tanto...)
Brasília, 07 de julho de 2013